Infelizmente há mortes que nos doem e que nos fazem lembrar a frase de Chico Anysio: Morrer é um desperdício
Tem mortes que doem um pouco mais. Que nos incomodam pela perda da pessoa, do exemplo, da sua capacidade de transformar a vida dos que conviveram com ela.
A de Candida Paiva Zacarias é uma dessas mortes que doem mais. Muito mais. E que nos fazem lembrar da frase de Chico: um desperdício. Pensamos assim, em nossa ignorância espiritual.
Tive a honra de conhecer dona Candida no exercício da minha profissão, no jornal Taperá, lá pelos idos de 1996, quando ela dirigia com honras e méritos a APAE de Salto, então uma das melhores do Estado e do País. E daquela que poderia ser uma fonte, nasceu uma amizade.
Aprendi a amar e a respeitar (E a aprender com ela) desde então.
Nunca a vi fraquejar, mesmo nos seus momentos duros, quando foi vítima de injustiças.
Lembro-me do dia 23 de abril de 1999, quando liguei para ela e falei:
“Dona Candida, vou me casar, minha mulher está grávida e preciso ver se a senhora me permite usar o salão da APAE. estou sem dinheiro para nada. A senhora sabe se é possível “emprestar o salão”?
Ela respondeu:
– Sim Nelson, para quando?
Eu respondi:
– Para amanhã, amiga, sábado. Vou casar amanhã!
Ela, gentil, dona de um coração maior que ela, me respondeu: Sim amigo, pode usar o salão, não está reservado.
Ano passado, ao visitar seu filho (meu querido amigo Lissandro Paiva Zacarias), ele me falou: vamos ver minha mãe. Ela não está bem, não está mais reconhecendo ninguém!
Subi ao quarto onde ela era cuidada por uma amiga de décadas e a vi deitada em seu leito.
Com sua voz firme e forte perguntou:
– Quem está ai?
Lissandro, com calma e muito amor disse:
– É o Nelsinho mãe, o jornalista.
Ela, por incrível que pareça, me reconheceu, me pediu um abraço. Dei-lhe um beijo e conversamos um pouco, normalmente.
Sai dali triste pelo quadro difícil da saúde de uma grande cidadã, um ser humano incrível e forte. Mas grato por tê-la vista em vida e ter sido reconhecido por ela.
Hoje ela descansou. Retomou sua vitalidade espiritual, fora do corpo sofrido e maltratado pelo tempo, foi para outro plano, onde já foi acolhida pelos muitos que ajudou em vida.
E foi sorrindo!
Caberá a nós, seus amigos e aos seus familiares, chorarmos sua partida. Mas só um pouco. Afinal, forte como sempre foi, Candida não iria gostar de nos ver chorando demais. Ela sempre nos queria bem e melhores.
VÁ EM PAZ AMIGA! ATÉ BREVE!
Amamos você!
(Nelson Lisboa)
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