Hoje, 26 de junho de 2023, é – SEM SOMBRAS DE DÚVIDA – uma data muito especial em minha vida. Efetivamente “nasceu” meu primeiro livro. Livro este que vem sendo “gestado” há cerca de 1 ano, quando procurado por um amigo e empresário local para escrever sua história e de sua família.
Foram – e têm sido – meses de muita emoção.
Primeiro pela grandiosidade da história da família. Apaixonado por seres humanos e por histórias, pude conhecer uma história memorável. E a transcrevi, com o biografado, para um livro.
Segundo por mim, um menino pobre de periferia que descobriu nos livros, aos 8 anos, a sua “arma” para mudar o mundo, fazer revolução e transformar-se. E salvar-se.
Mal sabia eu que a paixão da minha segunda série, em 1986, quando li a obra A Ilha Perdida, da Coleção Vagalume, transformaria primeiro a minha vida.
Hoje, quando fui buscar os livros na editora, com minha filha Victoria, vivi emoções intensas.
A primeira: de imortalidade.
Sim, é apenas um livro.
Não! Não é apenas um livro.
É o primeiro livro que escrevi em conjunto com o retratado.
E ele traz em si a imortalidade.
Sem presunção de um dia chegar à Academia Brasileira de Letras (mas, vindo de onde vim, com toda a certeza, esse sonho não é mais impossível e sonhar não paga imposto e o primeiro passo), mas a história que ajudei colocar no papel, contando 100 anos de história de uma família e o drama enfrentado por um de seus mais proeminentes membros, é o jeito de eu continuar existindo. Mesmo quando eu partir. Mesmo quando o retratado partir. Nós continuaremos aqui.
A outra sensação é de Vitória. E aqui posso fazer um trocadilho com minha filha, minha Victoria.
Vitória porque o garoto pobre, de família pobre, que tinha nos livros da Biblioteca da Escola José Benedito Gonçalves no então bairro de periferia do Jardim das Nações, uma saída. As outras eram as drogas, a criminalidade.
Quantas moedinhas juntei para pegar o ônibus e descer à Biblioteca Municipal, ainda em cima da Câmara de Salto, para pegar livros.
Já cheguei a sair da Biblioteca com um livro, ir lendo e andando e ao chegar à rodoviária, ter que voltar porque já tinha lido o livro. Quantas juntei para comprar livros no sebo.
Desde cedo tive que trabalhar para ajudar em casa, meus irmãos e minha mãe. Era preciso comer. E, além do alimento, eu queria comprar livros. A fome de livros sempre foi maior. E eram livros, gibis (Tex, Zagor, Mister No, Turma da Mônica), revistas, jornais e tudo que eu pudesse ler.
Assim eles me ajudaram a vencer.
Teve minha dedicação? Meu talento? Minha força? Minha teimosia? Ajuda divina? SIM! Mas teve, principalmente livros.
Eles foram meus amigos nos anos em que eu sofria bullying por ser portador de lábio leporino. Eles foram minhas companhias em minha viagem ao inferno, quando da morte brutal de meu pai.
Eles foram minha companhia nos dias de solidão. Nos dias de guerras travadas todos os dias e noites para superar a fome e a ignorância cultural.
Eles foram, em todos os momentos de minha vida, além de minha companhia, minhas ferramentas para vencer na vida.
Foi lendo que descobri o poder da palavra.
Com a ajuda de grandes professores, especialmente os de Língua Portuguesa (professora Ivonete, Maria Ester, Professora Cecília, professora Sônia e tantos outros), achei a outra paixão. Escrever.
Aprendi que lendo posso escrever. Posso contar histórias.
Em 26 anos de jornalismo, ao lado de um grande mestre, e amigo e apoiador e exemplo, Valter Lenzi, foram milhares de histórias. Com ele aprimorei a paixão e a ferramenta. Detalhe, em minha biblioteca há alguns livros que herdei de Valter Lenzi. Uma de nossas paixões. E, assim como ele, também ingresso hoje no mundo de quem escreve livros.
Elas me levaram a um grande homem. A uma grande história, digna de filme ou minissérie. E a outro grande amigo. E ao meu primeiro “filho”. Meu primeiro livro.
Em breve vamos apresentá-lo ao mundo. E nosso primeiro livro vai viajar São Paulo, o Paraná, o Brasil, o mundo e a posteridade.
E, aquele garoto que descobriu os livros, hoje, estreia no papel de escritor. Haja emoção.
(Nelson Lisboa, jornalista e – agora – escritor)