“Violência escolar, o fundamental é prevenir”, diz Dr. Jades

Jades, de pé, na inauguração do Programa de Integração Sócio Familiar, no Santa Cruz

 

Jades Martins de Melo, nosso amigo de longa data, um cidadão com uma ficha imensa de grandes e relevantes serviços prestados à comunidade, advogado, ex-vereador, ex-diretor da GCM, que ajudou a fundar em Salto, fala nessa entrevista sobre a questão da violência escolar. “Creio que uma integração entre os pais, escolas e atividades policiais certamente conseguirá resultados preventivos espetaculares”, diz.

Blog – Temos visto muito fake News e muita maldade de ameaças às escolas, após a tragédia de Suzano. O que o senhor acha?
Jades – Não podemos crer com convicção que toda postagem, onde quer que seja, seja verdadeira. Muitas podem ser falsas e com o objetivo de aterrorizar. Mas, nem por isso, podem deixar de serem investigadas até chegar nos autores e; mesmo inverídicas, tais insanos devem ser punidos.

Blog – Mas como agir diante de tantas ameaças, verdadeiras ou não, de ataques às escolas?
Jades – O FUNDAMENTAL É PREVENIR, e prevenir é evitar que determinado problema ou enfermidade apareça. A própria escola, mais especificamente os professores, que têm constantes aulas com os alunos, devem notar eventuais desvios de condutas em relação a um padrão normal, cujo conceito é formado em termos de média, ou melhor, de uma faixa de normalidade. E é importante também reconhecer quando esses desvios passam a merecer maior atenção. Esses dados são obtidos através de observações objetivas, pacientes e continuas, pois, nenhum fato isolado representa muita coisa.

Blog – Mas por que?
Jades – Assim conhecendo melhor os seus alunos, o professor pode localizar aqueles com alto risco e que devem dar uma vigilância e ajuda especiais, assim como com família desestruturada; apáticos ou hiperativos; transtornos psiquiátricos; que tem problema de aprendizagem, filhos de alcoólatras e farmacodependentes, etc. Alunos, com esses tipos de problema devem ser detectados, ser trabalhados em conjunto com familiares, pois, pode ser decisivo para o futuro do jovem, de vez que os nossos mais valiosos recursos são os nossos jovens e eles precisam de nosso exemplo para se tornarem adultos saudáveis e responsáveis. Os programas de educação terão maior êxito se forem integrados em um esforço mais amplo e abrangente de prevenção. As escolas precisam estimular e encorajar os pais no envolvimento no monitoramento do comparecimento dos alunos às aulas e nas suas condutas em casa, nas ruas e com quem anda.

Blog – Como o senhor disse, prevenção…
Jades – Sim. A Lei Federal nº. 13.675, de 11 de junho de 2.018, instituiu o Sistema Único de Segurança Pública, para integração de todas as atividades policiais, inclusive dos municípios, para juntamente trabalharem na operacionalização, inteligência, gerenciamento de crise e incidentes. Desta forma, prioristicamente, para trabalharem no sistema que é o mais eficaz que a Prevenção e também na repressão, devem a Polícia Civil, Polícia Militar e a GCM, passarem a fazer o que nunca fizeram: planejar suas atividade para um trabalho em parceria, tanto para a o sistema de inteligência, como na operacionalização da Prevenção como na Repressão, sem melindres, exclusivismos e formas de competição, pois, estas formas, somente levam a discórdia e não trazem benefício algum mesmo para essas instituições e muito menos para a sociedade que é quem paga um preço muito alto, por esse falta de integração.

Blog – Mais policiamento nas escolas vai resolver?
Jades – Antigamente tínhamos sempre se destacando as inscrições em viaturas a expressão “ RONDA ESCOLAR”, que desapareceram, assim como desapareceu a Ronda Escolar efetiva. O que vemos, raramente, são viaturas paradas nas portas das escolas no horário de saída dos alunos. E internamente, durante as aulas? Com isso, tanto diretores quanto professores e servidores, ficam à mercê de todo tipo de agressões e sem defesa alguma.
Portanto, sempre foi e será a Ronda Escolar efetiva, planejada e integrada com a comunidade escolar, a melhor forma de se evitar a violência escolar, o uso de drogas e tráfico no seu interior.
E, nada melhor que haja um planejamento para tanto entre as três unidades policiais, para fazerem Rondas Escolares efetivas e organizadas. E para planejamento, que cada Unidade seja previamente consultada e que os diretores usem a sinceridade e coloquem às claras os seus problemas de segurança para que tais dificuldades sejam de fato combatidas pelas forças policiais, pois, sabendo previamente o que deve ser trabalhado. Assim, esse efetivo irá às escolas sabendo o que fazer de fato, pois, cada escola tem os seus problemas específicos, que até podem ser coincidentes, mas os autores formas e locais são diversos. Para que haja resultado desejado, devem ser trabalhados os casos concretos e planejados.

Blog – A droga está na raiz de tanta violência, assim como a família desestruturada. O senhor sempre combateu as drogas em suas ações públicas. Por que?
Jades – Toda ação deve ser feita sem nunca deixar de trabalhar a questão das drogas, que é a fina flor do crime, a máquina propulsora da desgraça de quem a usa, de sua família e da sociedade; são formigas devoradoras escondidas nas trevas (os vendedores se escondem e agem sorrateiramente atendendo os seus compradores), ajudados pela tecnologia (aparelho celular, internet e outros). Como cidadão, profissional e diretor do Programa de Integração Sócio Familiar, criado pela gestão do prefeito Geraldo Garcia em moldes inéditos no estado, nos prontificamos a irmos nas unidades escolares para ministrarmos palestras para os pais. Eles têm que entender que seus filhos devem ser orientados em casa, para que frequentem as escolas devidamente educados e livre das drogas. Lembre-se: a escola escolariza, molda para vida e a educação pessoal é responsabilidade dos pais.

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