Atendentes de banho e tosa precisam estar bem capacitados para evitar acidentes
Todo tutor concorda que ter um pet cheiroso e bem cuidado é um deleite. É por isso que a visita constante ao pet shop pertinho de casa já faz parte da rotina de muitas famílias.
Apesar de parecer inofensivo, o ambiente de um banho e tosa pode oferecer diversos riscos aos pets, que vão desde a presença de objetos cortantes até situações de intenso estresse.
Poucos tutores têm a noção de que basta um descuido do profissional para ocorrer um acidente capaz de ferir, ou até mesmo, levar o animal a óbito.
Foi o que aconteceu com um estabelecimento em Vinhedo, interior de São Paulo, em 2018. Enquanto o profissional buscava uma toalha, Marley, um cãozinho da raça Shitzu, pulou da bancada de trabalho e acabou se enforcando com a coleira.
O caso comoveu as pessoas na internet e resultou em uma indenização por danos morais paga à tutora.
“A gente precisa entender que imprevistos podem acontecer, infelizmente. Devemos sempre prevenir os acidentes, estarmos atentos e saber a técnica correta para trabalhar com cães de diferentes temperamentos. Aqui mesmo, na escola, nós já tivemos algumas situações atípicas, como um cachorro que teve convulsão, que não foi relatado pelo tutor, e até uma cachorrinha que entrou em trabalho de parto”, relata Natália Espinosa, groomer internacional e diretora da Uau Escola de Estética Animal, instituição responsável pela formação de tosadores profissionais, em Sorocaba/SP.
“Por isso que eu sempre digo que a capacitação do profissional é fundamental, não apenas para evitar qualquer problema, mas também para saber como reagir caso ocorra um incidente, seja ele um corte indesejado, uma queda, um ataque epilético ”.
Curso de primeiros socorros é fundamental
O próprio procedimento de banho e tosa pode gerar uma situação de estresse excessivo se o profissional não souber sobre psicologia canina e manejo para acalmar e dessensibilizar o cão.
Problemas de temperamento são comuns em raças que se tornam populares por processos de criação sem controle de temperamento, como Poodle, Lhasa-apso, Shih Tzu. Além disso, problemas de saúde, muitas vezes desconhecidos até pelo tutor, podem intensificar ainda mais o quadro.
“Numa situação em que um cachorro tenha uma parada cardiorrespiratória, se o tosador sabe como dar um primeiro socorro e manter esse animal vivo até a chegada do veterinário, ele é um herói”, afirma Natália. “Se, por acaso, ele não sabe e o pet vem a óbito, o estabelecimento ainda pode ser acusado de ter causado a morte do cão e terá que provar que não causou o óbito. Neste caso, câmeras de monitoramento podem ajudar”
Além de garantir um atendimento de qualidade ao pet, um curso de primeiros socorros e zoonoses também é importante para garantir a saúde do profissional. Algumas doenças, se não forem devidamente reconhecidas pelos sinais clínicos, podem ser transmitidas pelo contato e infectar o profissional de banho e tosa. O fato de conhecer esses sinais ajuda muito a prevenir zoonoses e pode salvar a vida de um animal, por exemplo, quando é notada alguma anormalidade de comportamento ou física.
“Nós nunca podemos fazer o atendimento em um cão que apresente sinais clínicos de estar doente”, ressalta a groomer. “Quando o cão está debilitado e passa por um processo de banho e tosa, ele sofre uma queda de imunidade. Então, se o profissional não tiver consciência do que deve ou não fazer, ele pode contribuir, sem querer, para o agravamento do quadro. Neste caso, o profissional deve recusar o atendimento e orientar o tutor a levar o cão ao veterinário”, finaliza Natália.
Tutores precisam estar atentos
Se pelo lado profissional é importante buscar formações adequadas, os tutores também têm uma grande responsabilidade: reconhecer e valorizar os profissionais capacitados. Em 2020, o setor pet teve um crescimento estimado de 13,5% em relação a 2019 e aqueceu o empreendedorismo no mercado. Escolher o local com cuidado é uma importante tarefa, afinal, não é só a estética que está em jogo, mas a segurança do seu melhor amigo.
O recomendado é buscar profissionais com certificados de formação e que se especializem com frequência. Opte sempre pet shops que tenham baixa rotatividade de funcionários e que sejam devidamente regularizados. Muitas vezes, é importante escolher estabelecimentos que tenham transparência no atendimento, onde o tutor possa ver ou acompanhar o procedimento, caso deseje.
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