Escritor falecido em dezembro deixou três livros praticamente prontos para o lançamento
Titular da Cadeira nº 6 da Academia Saltense de Letras, se estivesse vivo, Valter Lenzi faria 82 anos na quarta-feira, 25 de janeiro. Mas a sua partida prematura, em 14 de dezembro de 2022, não impediu que a sua produção literária continuasse viva. Um pouco mais de um mês da sua morte, três livros do escritor chegam à fase final de elaboração para serem lançados.
O também acadêmico Jorge Duarte Rodrigues, Cadeira nº 29, patrono Pablo Neruda, amigo de mais 40 anos de Valter Lenzi, assumiu a tarefa de fazer a curadoria dos livros, já que conhece bem o trabalho do escritor, o acompanhou em parte das pesquisas para a elaboração e já estava encarregado pelo próprio autor de fazer a revisão final para as publicações.
“Parece simples pegar três obras praticamente prontas e lançá-las à edição, mas confesso que fiquei preocupado quando assumi esse trabalho. Afinal, o conteúdo pesquisado pelo Valter é profundo e tem todo o seu jeito pessoal de apurar os fatos. Valter era minucioso, detalhista e rigoroso com tudo: datas, números e nomes e eu tenho de ser fiel a isso”, disse ele.
Mesmo assim, Jorge Duarte diz que ficou entusiasmado com a tarefa. “É uma forma de homenagear o nosso querido amigo. O tempo passa, mas ainda não consigo acreditar completamente que ele se foi. Fazer esse trabalho me traz muito do Valter. Espero que ele fique muito contente, onde estiver, com o resultado que vamos produzir”.
Primeira obra
O primeiro dos três livros recebeu o título de “Vias Públicas Saltenses e Logradouros Públicos Municipais”. Fruto de um trabalho de pesquisa de vários anos, o livro traz um histórico completo das vias. Tem nome com foto ou imagem correspondente à identificação de cada rua, praça, praça, alameda e travessa de Salto, com denominações até os dias atuais.
Além disso, o livro trará denominações de postos de saúde, Cemus (escolas infantis), museu, campos de futebol, centros e áreas de lazer, creches, unidades diferentes de Cemus de educação infantil, que foram conseguidos, assim como as das vias, junto à Comissão de Nomenclatura de Ruas da cidade, entidade da qual Valter Lenzi foi um dos principais membros.
Assim como no caso do segundo livro em fase final de produção, “O Cinema de Salto”, a Prefeitura local se comprometeu a custear a edição e o lançamento. Jorge Duarte manteve contato recentemente com o vice-prefeito Edemilson Pereira dos Santos (Podemos), que reforçou a decisão do custeio, já que são obras de interesse histórico e que apresentam a história de Salto às futuras gerações.
Outras obras
O livro “O Cinema de Salto” conta também com o acompanhamento do secretário de Cultura da Prefeitura, Oséas Singh Júnior, profundo conhecedor do tema, tendo inclusive escrito obras de sucesso na área, como “Adeus Cinema”, sobre a vida e obra do ator saltense Anselmo Duarte, único brasileiro a conquistar a Palma de Ouro, um dos mais importantes prêmios do setor.
Sobre essa obra, chegou às mãos de Valter Lenzi um material valiosíssimo guardado por Antonio Marcos Almeida, filho de João de Almeida, proprietário de um dos cinemas mais famosos que Salto já teve, o Cine Rui Barbosa, que mais tarde se chamaria Cine São José.
O acervo cinematográfico em questão tratava de uma pesquisa sobre o surgimento do cinema na cidade, detalhes de exibições, reprodução de cartazes das películas, recortes de toda divulgação feita em jornais que circularam em Salto desde o início do século passado, acontecimentos curiosos nas salas de espetáculos, etc.
Valter Lenzi, então, de posse desses documentos aliados a relatos feitos por Antonio Marcos, organizou cronologicamente todo o material e é autor do texto final sobre a obra.
A terceira obra em fase final de produção é o volume três da série de biografias elaboradas pelo escritor e cujos volumes 1 e 2 foram lançados em vida ainda. Intitulado “Quem Foi Quem – Saltenses Que Merecem Ser Lembrados” traz várias histórias da vida de saltenses ou pessoas que escolheram Salto para viver e que marcaram a sua trajetória na cidade.
65 anos de jornal – O saltense Valter Lenzi se dedicou por 65 anos ao jornalismo, sua atividade mais constante desde o início, embora tenha atuado em paralelo como escritor e historiador, além de cronista e servidor público de carreira.
Esta última faceta da sua produção deve gerar um quarto livro póstumo ainda, que se juntará aos 17 que ele produziu em vida, reunindo as últimas e mais importantes crônicas da cidade. “No que depender de mim, da família Lenzi e da própria Academia Saltense de Letras, a memória de Valter Lenzi será sempre mantida, pois ele deixou um legado importante a todos nós, jornalistas, escritores, cronistas e amigos, que não pode se perder por falta de divulgação ou de preservação das suas obras”, disse Jorge Duarte, que já faz esse trabalho no jornal.
Valter Lenzi foi também um dos fundadores do Jornal Taperá, o mais antigo em atividade em Salto, com 58 anos de vida, mas começou como apresentador de dois programas esportivos da antiga rádio Cacique, de Salto. Depois trabalhou no jornal “O Liberal”, que foi descontinuado para o lançamento de Taperá, primeiro como revista e focado no colunismo social e depois como jornal.
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Há exatos 1 ano e 1 dia homenageávamos em nossa página esse grande ser humano, amigo dos amigos, leal, discreto, inteligentíssimo e dono de um coração maior que sua paixão pelo jornalismo, pela família e pelo “Parmeira”, o inesquecível Valter Lenzi.
Relembre a reportagem por nós veiculada