Hoje, dia 31, é comemorado o Dia Mundial sem Tabaco.
De certo você não imaginava que o tabagismo é a causa de inúmeras doenças e mata mais de 8 milhões de pessoas por ano, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Dessa maneira é preciso lembrar: o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo, segundo dados da OMS.
Segundo o dr. José Rosalvo Santos Maia, médico pneumologista e diretor clínico do Hospital Evangélico de Sorocaba: “O cigarro pode causar, principalmente, problemas respiratórios, sendo o mais comum a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)”.
A DPOC caracteriza-se por tosse, expectoração e falta de ar. A bronquite e o enfisema fazem parte dessa doença.
Nas crianças, as principais prejudicadas como fumantes passivas, o tabaco ocasiona o agravamento de alergias e, em grávidas fumantes, ativas ou passivas, eleva as chances de parto prematuro e malefícios ao feto.
Aumenta, ainda, em todos os afetados pela fumaça, os riscos de desenvolvimento das doenças cardiovasculares e de diversos tipos de câncer.
Recentemente, a OMS também alertou sobre a possibilidade de tabagistas sofrerem mais danos pelo novo Coronavírus. Isto pode acontecer porque, uma vez severamente lesionados pelo fumo, os pulmões têm menor capacidade para lutar contra a COVID-19, explica Dr. Rosalvo. “De forma geral, os riscos para a saúde decorrem tanto do consumo direto do tabaco, quanto passivo”, adverte
A fumaça do cigarro contém mais de 4.700 substâncias tóxicas. A principal e mais conhecida é a nicotina, responsável por desencadear o vício.
Após cada tragada, ela rapidamente atinge o sistema circulatório, se propagando para todo o corpo até chegar ao cérebro.
Nesse processo, o elemento pode gerar mudanças de humor, aumento dos batimentos cardíacos, da pressão arterial, da frequência respiratória e alterações na atividade motora. O fumante pode igualmente sentir náuseas, tontura e dor de cabeça, quando inicia o hábito de fumar.
Dessa forma, a nicotina e as demais milhares de substâncias nocivas podem alterar vários sistemas do organismo. Esses feitos negativos, consequentemente, ocasionam doenças.
“Há substâncias cancerígenas, outras interferem nos vasos sanguíneos, enquanto outras ainda farão a pessoa se tornar dependente do tabaco”, detalha o médico pneumologista.
Essas consequências negativas são igualmente provocadas pelos narguilés e cigarros eletrônicos, pois todos eles contêm substâncias prejudicais à saúde.
A única diferença é que, nos cigarros tradicionais, ocorre a combustão, enquanto nos narguilés e dispositivos eletrônicos, o princípio é a vaporização.
“O cigarro eletrônico, inclusive, é porta de entrada para o tabagismo convencional”, enfatiza o diretor clínico do HES. O narguilé também pode transmitir doenças infectocontagiosas, devido ao compartilhamento da mangueira, completa Dr. Rosalvo.
Alguns desses efeitos nocivos do cigarro são irreparáveis e comprometem os pulmões permanentemente, afirma o pneumologista.
O enfisema pulmonar e a bronquite crônica, por exemplo, são incuráveis, mesmo após a interrupção do fumo. Contudo, o abandono do tabagismo interrompe a evolução desses problemas respiratórios.
Ainda pode resultar na melhora imediata de doenças causadas pelo tabaco, explica o especialista. “(Independentemente) se a pessoa fumou por cinco ou 30 anos, quando parar, terá muitos benéficos.
Então, embora ela não vá recuperar a saúde perdida, deve ter sempre como meta parar de fumar”, destaca.
Abandonar o vício, apesar de não ser uma tarefa fácil, vem acontecendo entre a população.
No Brasil, entre 2006 e 2018, o número de fumantes adultos caiu de 15,6% para 9,3%, uma diminuição de 40,38%.
Os dados são da última Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgados em 2019.
Em 1989, o primeiro ano do estudo, realizado nas 27 capitais brasileiras e no Distrito Federal, esse percentual era de 34,8%. O declínio se deve, principalmente, à proibição de propagandas de cigarro, divulgação das campanhas antifumo e da legislação relativa ao tabaco no país, elenca o médico pneumologista do HES.
Apesar da redução, muitos fumantes ainda não conseguem deixar o cigarro. O primeiro passo, aponta Dr. Rosalvo, deve ser a motivação da própria pessoa. Depois, ela deve buscar auxílio profissional, pois as chances de interromper o tabagismo são maiores com um acompanhamento especializado, informa o especialista.
Em caso de necessidade, o tratamento ainda pode incluir medicamentos específicos. “O tabagista é um dependente químico e deve ser encarado como tal. Quando ele tentar parar por vontade própria, pode conseguir. Mas a taxa de sucesso gira em torno de 3%, apenas. Quando recebe ajuda de profissionais, esse percentual pode chegar a 50% ou mais”, pontua.
Mais informações podem ser obtidas pelo site: www.hospitalevangelico.org.br.