(Por José Renato Nalini)
Assisti a um filme “Os gambitos da Raínha” e vi que o xadrez é um jogo capaz de auxiliar o desenvolvimento do tirocínio do jogador. Quanto antes se aprende a jogar xadrez, mais atilado o discernimento, mais rápidas as tiradas, com o desenvolvimento de habilidades que vão servir para a vida, não apenas para esse esporte para pessoas inteligentes.
O xadrez ajuda a tomar decisões. E todos tomamos decisões constantemente. Na vida, nos negócios, na política, nos jogos. Tais escolhas podem nos surpreender, pois nem sempre calculamos o que significarão em nossa vida. Um jogador de xadrez terá treino para aquela saudável hesitação antes de decidir. A dúvida, como estratégia para análise e opção pela mais adequada solução é muito boa. Faz com que se minimize a possibilidade errar.
Ao jogar xadrez, o indivíduo terá de estudar as possibilidades do adverso. Tentar antecipar suas jogadas. Se isso se fizer no âmbito existencial, nada haverá a perder e muito a ganhar.
Ficou famosa a partida entre Gary Kasparov, que foi o melhor xadrezista do mundo durante mais de vinte anos, e o computador Deep Blue, da IBM. Não se imaginaria que o xadrez, que existe há tanto tempo, seria excelente experimento para que os humanos se acostumem com a inteligência artificial.
As melhores jogadas provêm de algo cauteloso e algo audacioso. Não há possibilidade de se elaborar um manual para ensinar jogar xadrez, pois infinitas as formatações de jogadas. Cada ser humano é diferente em relação a qualquer outro e, por isso, também inumeráveis as potencialidades de adoção de táticas novas, que poderão surpreender o adversário e abrir espaço para o surgimento de mais um campeão.
Alguns mais impulsivos, outros mais comedidos, a verdade é que as decisões – seja no xadrez, seja na vida – serão tomadas a partir da pressão do tempo. Que não para. O bom jogador também saberá usar sua intuição, pois isso o computador e os algoritmos ainda não conseguiram fazer.
Além de tudo, o xadrez é um jogo calmo, que requer o exercício da paciência, talento em desuso numa sociedade em que ira, violência, irritação e agressões parecem fazer parte do menu diário. Excelente complemento para o cultivo de virtudes de convivência pacífica e harmônica, para atender ao comando do constituinte de 1988: edificar uma pátria justa, fraterna e solidária.
(José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022)
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