A História do negro saltense escrita por mãos negras

história do negro em SaltoProfessor, historiador e militante social Chell Oliveira quer contar a história do negro saltense

Superar a invisibilidade da participação negra na história da cidade e destacar pessoas comuns, que partiram ou estão aqui

O professor, historiador e membro de movimentos sociais, Chell Oliveira, deve lançar em breve o projeto “Biografias Afro-saltenses”.
A ideia será a reprodução de memória da população negra saltense e nasce do anseio em querer saber cada vez mais sobre os nossos antepassados negros que aqui ajudaram a construir Salto, e também, reconhecer em vida aqueles que aqui ainda constroem a sua história e a história de Salto.
Chell diz que historicamente em Salto, assim como na historiografia de maneira geral, foi apagada de suas narrativas a História do povo negro, a História de pessoas pretas, a valorização de suas culturas, de seus afetos, de suas manifestações, de suas expressões, de suas religiões e tradições, para dar lugar a uma história de invisibilidade.
Ele afirma que a historiografia de Salto é uma historiografia que não evidencia e nem reconhece o povo negro, retrato de uma prática histórica que nega a participação negra na construção do País como um todo. “Por isso, com a inspiração em Beatriz Nascimento e em seu pensamento nos estudos afrodiaspóricos de que, a história do povo negro precisa ser feita por mãos negras, é que criamos esse estudo e pesquisa sobre a população afro-saltense”, argumenta.
O professor afirma que retomar essas Histórias e essas Memórias é olhar para o futuro, para que as próximas gerações tenham acesso a esses documentos, materiais e conhecimento de quem foram seus antepassados e assim dar continuidade a todo contexto cultural, social e político, e também é ao mesmo tempo permitir que nós, no tempo presente, possamos refletir a importância do passado que ainda bate a nossa porta, pois somos em nosso ser, em nosso fazer, em nosso pensar, em nosso agir e em nosso viver, muito influenciado por essas pessoas.
Para o projeto foi escolhido como símbolo o Sankofa, um Adinkra, símbolo africano que se refere a uma ave, repleto de significados e sentimentos, e que como mensagem se remete a uma filosofia: “olhar para o futuro sem esquecer do passado”.
Ele espera que com o projeto seja possível recordar e matar a saudade e também reconhecer, reviver e revigorar um orgulho que é a gente preta, gente guerreira, gente talentosa, gente trabalhadora, gente feliz e de fé. “Assim, como também poderemos descobrir as dores, as angústias, as tristezas e traumas que se tornaram cicatrizes marcadas pelo racismo”, pondera.
Saiba mais: Chell é historiador, professor, arte educador e militante do Movimento Hip Hop.
Ele nasceu em Salto no final dos anos 1980 e sempre questionou essa historiografia, essa narrativa e essa falta de reconhecimento da cidade de Salto, e que por meio de suas pesquisas, procurará apresentar não apenas os conhecidos personagens, mas pessoas comuns do dia-a-dia, os idosos, os jovens, os comerciantes, professores e professoras, religiosos, trabalhadores do campo, trabalhadores das fábricas, políticos, comunicadores, advogados, artistas, artesãos, e etc.

Toda nossa gente aqui será lembrada, pois todas as pessoas são dignas de terem a sua História escrita, pois como diz a filosofia africana, a Memória é a flecha que rasura o tempo!

Quer participar das Biografias Afro-Saltenses – Histórias e Memórias da População Negra de Salto?

E-mail biografiasafrosaltense@gmail.com

(11) 95020-2616

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Veja uma explicação do projeto, em vídeo em nosso canal no youtube. Clique aqui.